sábado, 7 de novembro de 2015

Eram dias parados, aqueles.

Por mais que se movimentasse, gestos cotidianos, acordar, comer, caminhar, dentro dele uma coisa permanecia imóvel. Como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos, olhos fixos na distância. Ausentou-se, diriam ao vê-lo, se o vissem. Não era verdade. Nesses dias, estava presente como nunca, tão pleno e perto que estava também dentro do que chamaria – tivesse palavras, mas não as tinha – vaga e precisamente de: A Grande Falta.

Caio Fernando Abreu
My Brightest Diamond - Lucky

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