E se, durante um mês, você cumprimentasse todo mundo? Onze coisa que se pode aprender com uma pequena mudança.
Oi! É uma das primeiras palavras que aprendemos quando bebês, mas uma das últimas que pensamos em usar quando adultos. Na corrida interminável para obter alguma coisa ou chegar a algum lugar, parece que não temos mais tempo para essa expressão tão básica. E é uma pena, porque dizer "oi" é mais do que apenas dizer "oi". É o reconhecimento de uma existência. É uma pausa, ainda que rápida, para afirmar o valor do outro(e ter o nosso afirmado de volta). Como o mundo poderia mudar - como nós mudaríamos - se dominássemos essa palavra? Para descobrir, passei um mês dizendo "oi" a todas as pessoas que encontrei pelo caminho. Entre elas, estranhos na rua, pessoas na Internet e até a mim mesmo, no espelho, todas as manhãs. Eis o que aprendi:
1 - Não é tão fácil quanto parece. A idade nos dá uma "crosta", como a casca de um pão crocante. Embora possamos ainda estar macios por dentro, não é o que os outros veem. Eu, por exemplo, careca, com 49 anos, pareço bem menos amistoso do que quando era um adolescente de cabelo encaracolado. A desconfiança transforma-se na nossa triste identidade, e fica mais difícil erguer a mão para cumprimentar alguém porque isso convida esse alguém a se aproximar.
"Quando mais velhos ficamos, mais nos voltamos para o cumprimento das tarefas da vida", explica o Dr. R. Allan Allday, professor-assistente de Educação especial na Universidade do Estado de Oklahoma, Estados Unidos. "A tendência é só falar com alguém quando precisamos de algo, e esse hábito é difícil de mudar."
2 - A cordialidade é tão rara hoje que desarma. Como quase ninguém está acostumado a ser cumprimentado por estranhos, vi que esse é um modo sorrateiro de atrair a atenção e conseguir o que quero. Por exemplo, quando inicio um e-mail com "Oi", é mais provável que me respondam. E quando digo "oi" para caixas e balconistas, sou mais bem atendido. É como se eu as despertasse para minha presença.
3 - Num dos poucos estudos já realizados sobre o tema, o Dr. Allan fez professores de 5a. a 8a. séries cumprimentarem individualmente seus alunos toda manhã. Essa rápida interação acabou elevando em 27% a produtividade das crianças. A escola passou a ser menos impessoal, explica ele, e isso resultou em maior participação em sala de aula e notas melhores.
4 - As pessoas que em geral não seriam reconhecidas acabam sendo as mais amistosas. Os tortos, os sujos, os meio estranhos... Em outras palavras, as pessoas que normalmente eu evitaria ou sequer perceberia são aquelas que reagiram de forma mais calorosa. Sem dúvida, é por estarem tão acostumados a ser ignorados que recebem o reconhecimento como se fosse algo muito importante.
5 - Respeito gera respeito. Normalmente corro ou pedalo todo dia pelo mesmo caminho, à mesma hora. Quando comecei a acenar para os motoristas que passavam, aconteceu algo incomum: dali a alguns dias, eles não só passaram a acenar de volta como também me deram mais espaço. Assim, meu exercício ficou mais agradável e mais seguro. "Para eles, você se tornou uma pessoa", explica Allan.
6 - O ambiente influencia a sociabilidade. Um estudo verificou que era menos provável que moradores de Nova York apertassem a mão de um estranho(38%) do que moradores de cidades pequenas(68%). E os pesquisadores dizem que ambientes agradáveis costumam provocar mais sorrisos e trocas de "oi" do que os desagradáveis. Minha experiência foi semelhante. Quer por distração, quer por desconfiança, meus "ois" urbanos foram respondidos com frequência bem menor que os rurais. Do mesmo modo, quem estava em locais de veraneio foi bem mais amistoso do que os que corriam para o trabalho, no centro da cidade.
7 - As janelas escuras deviam ser proibidas. Em geral, as autoestradas são o pior lugar para o "oi". Quando acenei por detrás do volante, os outros motoristas me lançaram olhares vazios. Os veículos são grandes demais ou as janelas são escuras demais. Em consequência, dividimos a estrada com máquinas sem rosto, muito mais fáceis de ignorar e agredir. No entanto, há uma exceção digna de nota: os motociclistas. Todos para os quais acenei pareceram genuinamente emocionados por serem notados. A ameaça de morte nos transforma a todos em amigos do peito.
8 - É preciso ter cuidado com as crianças. Sinal dos tempos, triste, mas necessário, é que os mais jovens instintivamente têm medo de estranhos. Depois dos motoristas de autoestradas, foram as crianças de 5 a 15 anos que mais me ignoraram. Embora isso não fosse surpreendente, me entristeceu. Para elas eu era uma ameaça.
9 - Olhar em volta nos deixa mais concentrados. O simples ato de dizer "oi" o tempo todo me tirava de qualquer devaneio e me forçava a ficar mais atento. É o "zen" social.
10 - Dizer "oi" pode salvar seu casamento. Nunca percebi como era raro eu cumprimentar minha mulher(24 anos de casados) e o restante da família, até que comecei a fazê-lo de propósito. A cortesia comum não é tão comum assim.
11 - É uma forma de seguro de saúde universal. É impossível dizer "oi" sem sorrir. Uma coisa leva a outra. E já foi clinicamente provado que sorrir diminui a pressão arterial, aumenta a imunidade e até libera anestésicos naturais(endorfinas), e tudo isso reduz o estresse, promove a felicidade e melhora a saúde. Parece que o sorriso cria efeito semelhante em quem o recebe. Pesquisadores canadenses verificaram que funcionários de telemarketing que passavam cinco minutos num jogo de "caça-sorriso" antes do trabalho, no qual escolhiam repetidas vezes, a partir de um grupo de fotos, o rosto sorridente, tinham 17% menos cortisol, hormônio do estresse, quando terminavam o turno.
Assim, talvez possamos melhorar o mundo dizendo simplesmente "oi". Depois de um mês fazendo isso, me sinto mais leve e mais conectado ao mundo, com uma sensação mais intensa de bem-estar.
Se estiver inspirado para tentar fazer isso em casa, não é preciso cumprimentar todo mundo que encontrar. Isso pode intimidar a pessoa e ser até cansativo. Em vez disso, escolha um número arbitrário - digamos, três - e estabeleça como meta dizer "oi" a esse número de estranhos todos os dias. Isso resultará em 1.095 "ois" a mais no próximo ano. E aumente a partir daí. Não se esqueça de cumprimentar o estranha mais importante de todos: dizer "oi" a nós mesmos toda manhã, no espelho, é reconhecer a pessoa que mais preciso disso.
Texto: Seleções - estou aguardando informação do departamento editorial da revista quanto a autoria do texto.
Imagem: Internet - Bing
Vídeo/Música: Ney Matogrosso - Tudo é Amor
4 - As pessoas que em geral não seriam reconhecidas acabam sendo as mais amistosas. Os tortos, os sujos, os meio estranhos... Em outras palavras, as pessoas que normalmente eu evitaria ou sequer perceberia são aquelas que reagiram de forma mais calorosa. Sem dúvida, é por estarem tão acostumados a ser ignorados que recebem o reconhecimento como se fosse algo muito importante.
5 - Respeito gera respeito. Normalmente corro ou pedalo todo dia pelo mesmo caminho, à mesma hora. Quando comecei a acenar para os motoristas que passavam, aconteceu algo incomum: dali a alguns dias, eles não só passaram a acenar de volta como também me deram mais espaço. Assim, meu exercício ficou mais agradável e mais seguro. "Para eles, você se tornou uma pessoa", explica Allan.
6 - O ambiente influencia a sociabilidade. Um estudo verificou que era menos provável que moradores de Nova York apertassem a mão de um estranho(38%) do que moradores de cidades pequenas(68%). E os pesquisadores dizem que ambientes agradáveis costumam provocar mais sorrisos e trocas de "oi" do que os desagradáveis. Minha experiência foi semelhante. Quer por distração, quer por desconfiança, meus "ois" urbanos foram respondidos com frequência bem menor que os rurais. Do mesmo modo, quem estava em locais de veraneio foi bem mais amistoso do que os que corriam para o trabalho, no centro da cidade.
7 - As janelas escuras deviam ser proibidas. Em geral, as autoestradas são o pior lugar para o "oi". Quando acenei por detrás do volante, os outros motoristas me lançaram olhares vazios. Os veículos são grandes demais ou as janelas são escuras demais. Em consequência, dividimos a estrada com máquinas sem rosto, muito mais fáceis de ignorar e agredir. No entanto, há uma exceção digna de nota: os motociclistas. Todos para os quais acenei pareceram genuinamente emocionados por serem notados. A ameaça de morte nos transforma a todos em amigos do peito.
8 - É preciso ter cuidado com as crianças. Sinal dos tempos, triste, mas necessário, é que os mais jovens instintivamente têm medo de estranhos. Depois dos motoristas de autoestradas, foram as crianças de 5 a 15 anos que mais me ignoraram. Embora isso não fosse surpreendente, me entristeceu. Para elas eu era uma ameaça.
9 - Olhar em volta nos deixa mais concentrados. O simples ato de dizer "oi" o tempo todo me tirava de qualquer devaneio e me forçava a ficar mais atento. É o "zen" social.
10 - Dizer "oi" pode salvar seu casamento. Nunca percebi como era raro eu cumprimentar minha mulher(24 anos de casados) e o restante da família, até que comecei a fazê-lo de propósito. A cortesia comum não é tão comum assim.
11 - É uma forma de seguro de saúde universal. É impossível dizer "oi" sem sorrir. Uma coisa leva a outra. E já foi clinicamente provado que sorrir diminui a pressão arterial, aumenta a imunidade e até libera anestésicos naturais(endorfinas), e tudo isso reduz o estresse, promove a felicidade e melhora a saúde. Parece que o sorriso cria efeito semelhante em quem o recebe. Pesquisadores canadenses verificaram que funcionários de telemarketing que passavam cinco minutos num jogo de "caça-sorriso" antes do trabalho, no qual escolhiam repetidas vezes, a partir de um grupo de fotos, o rosto sorridente, tinham 17% menos cortisol, hormônio do estresse, quando terminavam o turno.
Assim, talvez possamos melhorar o mundo dizendo simplesmente "oi". Depois de um mês fazendo isso, me sinto mais leve e mais conectado ao mundo, com uma sensação mais intensa de bem-estar.
Se estiver inspirado para tentar fazer isso em casa, não é preciso cumprimentar todo mundo que encontrar. Isso pode intimidar a pessoa e ser até cansativo. Em vez disso, escolha um número arbitrário - digamos, três - e estabeleça como meta dizer "oi" a esse número de estranhos todos os dias. Isso resultará em 1.095 "ois" a mais no próximo ano. E aumente a partir daí. Não se esqueça de cumprimentar o estranha mais importante de todos: dizer "oi" a nós mesmos toda manhã, no espelho, é reconhecer a pessoa que mais preciso disso.
Texto: Seleções - estou aguardando informação do departamento editorial da revista quanto a autoria do texto.
Imagem: Internet - Bing
Vídeo/Música: Ney Matogrosso - Tudo é Amor
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