que subisse das névoas aquela bola brilhante e leve que era o germe de um pensamento. "de profundis". senti-o vacilar, quase perder o equilíbrio e mergulhar para sempre em águas desconhecidas. ou senão, a momentos, afastar as nuvens e crescer trêmulo, quase emergir completamente... depois o silêncio.
fechou os olhos, vagarosamente foi descansando. quando os abriu recebeu um pequeno choque. e durante longos e profundos segundos soube que aquele trecho de vida era uma mistura do que já vivera com o que ainda viveria, tudo fundido e eterno. estranho, estranho. a luz alaranjada das 9 horas, aquela impressão de intervalo, um piano longínquo insistindo nas notas agudas, seu coração batendo apressado de encontro ao calor da manhã e, atrás de tudo, feroz, ameaçador, o silêncio latejando grosso e impalpável. tudo desvaneceu-se. o piano interrompeu a insistência nas últimas notas e após um instante de repouso retomou docemente alguns sons do meio, em melodia nítida e fácil. e em breve ela não saberia dizer se a impressão da manhã fora verdadeira ou se apenas uma ideia.
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