segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Loucos e Santos

Escolho meus amigos
não pela pele ou outro arquétipo qualquer, 
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os 
bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias
e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da 
realidade sua fonte de aprendizagem, 
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; 
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, 
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que 
"normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

 
Oscar Wilde
Noa Beautiful that Way

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