sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O Mario,

além de um grande poeta, era um grande humorista. Ele frequentava bastante a nossa casa e era uma presença quieta e discreta. Minha mãe fazia muitas meias de lã para ele. Tantas que um dia ele observou: "Acho que a Mafalda pensa que sou uma centopeia". Uma vez fui levá-lo na casa de Josué Guimarães, e ele teve alguma dificuldade em sair do banco de trás. Disse: "Como a gente tem perna, né?" Era um obcecado por jogo, e na vez em que foi atropelado pediu urgentemente, ainda do chão, que anotassem o número da placa do carro. Era para jogar na loteria. Nos encontramos no Rio, no Hotel Canadá, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. E ele nos contou que o que mais gostava no Rio eram os túneis, porque dentro dos túneis descansava da paisagem.

Luis Fernando Veríssimo - em Mario, a cidade, seus personagens e amigos - O Melhor de Mario Quintana, Armindo Trevisan-Dulce Helfer-Tabajara Ruas
 Nei Lisboa - Telhados de Paris

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