quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dentro de mim,

não consigo deixar de pensar que há alguma espécie de sentido. E um depois. Quando penso nisso, é então como se alguém dançasse sobre esses intermináveis telhados de dentro de mim. Sobre os telhados cinzentos, alguém vestido de amarelo. Não sei por que amarelo, talvez porque brilha. O vento faria esvoaçar seus panos e cabelos. Num grande salto aberto, esse alguém que dança alcançaria a janela abrindo-a com um leve toque dos dedos. Quase sempre tenho certeza que deve ser você. Não, não diga nada. Prefiro não saber que não. Nem que sim.

Caio Fernando Abreu
Tindersticks - Buried Bones

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