terça-feira, 28 de abril de 2015

Que nem troféu

Rita Pereira da Silva – Alto Rio Moa, Acre
Tem de um tudo onde a dona Rita mora. Tem água boa de beber, tem rocinha pra plantar milho e feijão e casa de farinha pra fazer beiju. Tevê ela não tem, mas tem a do vizinho, uma preto e branco que ele deixa a vila inteira assistir na hora da novela. Só não tem panela, né, dona Rita? Aí, carece de se ir até a cidade, e disso ela não gosta muito, não. Se pudesse, ficava só ali, naquele povoadim sem nome no sopé da Serra do Divisor. Mas a dona Rita é cozinheira arretada: sem panela, não fica. E, vez ou outra, até se atreve a sair dali, só pra aumentar a coleção de caçarolas. Viaja doze horas rio abaixo e depois faz tudo de volta, com mais uma panela pra enfeitar a parede da cozinha.
Que nem troféu.


Xavier Bartaburu - escreveu
Valdemir Cunha - fotografou
Pato Fu - Simplicidade

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