Foi juntando gente, espectadores do quebra-pau que se anunciava. No entanto, a garota que vinha em minha direção parecia se divertir com o acontecido. Era a vítima. Claro que ela não gostou de ver seu possante abalroado, mas achou graça da minha distração. Contou que no caixa tinha escutado falar sobre o caso e ficara com pena da proprietária. Quando percebeu que ela mesma era a vítima, em vez de chorar, ria que ria.
Os seguranças foram perdendo a pose diante da atitude da moça. Ela me dizia: não fique nervosa, é só um carro, é só um carro, basta consertar. Foi logo avisando que tinha gente para almoçar e não ia perder um minuto desse domingo lindo brigando por causa de... um carro. Ela me deu seu número de telefone e pediu que eu ligasse... Meus documentos? Meu endereço? A polícia? Que nada? Dia de folga, dia de sol, família reunida - é isso o que importa. Amanhã, disse ela, a gente acerta. Fica calma, repetia rindo! É só um carro.
Ela se foi, levando uma porta amassada e os ingredientes do almoço. Como assim? Gentileza e bom humor são virtudes raras nestes tempos em que se você demora um instante no farol, tem garantido um montão de palavrões. Se o acidente causou espanto, maior ainda foi a surpresa que essa menina nos fez. Não, não se tratava de uma milionária para quem um carro não faria a menor diferença. Era gente como a gente, talvez ainda pagando as prestações do fonfom.
A ela fiquei devendo, mais do que o conserto da lataria, uma lição de vida. Quem presenciou a cena, tenho certeza, nunca mais vai fazer barraco de graça. Eu? Irritadinha que sou, estou me esforçando para rir mais da vida, repensar o que realmente tem valor, valorizar o ser humano. Afinal, carro a gente arruma.
Em tempo: o carro da Tatiana está consertadíssimo. E eu fiquei craque no freio!
Cecília Reis
Renee Olstead - A love that will last
Os seguranças foram perdendo a pose diante da atitude da moça. Ela me dizia: não fique nervosa, é só um carro, é só um carro, basta consertar. Foi logo avisando que tinha gente para almoçar e não ia perder um minuto desse domingo lindo brigando por causa de... um carro. Ela me deu seu número de telefone e pediu que eu ligasse... Meus documentos? Meu endereço? A polícia? Que nada? Dia de folga, dia de sol, família reunida - é isso o que importa. Amanhã, disse ela, a gente acerta. Fica calma, repetia rindo! É só um carro.
Ela se foi, levando uma porta amassada e os ingredientes do almoço. Como assim? Gentileza e bom humor são virtudes raras nestes tempos em que se você demora um instante no farol, tem garantido um montão de palavrões. Se o acidente causou espanto, maior ainda foi a surpresa que essa menina nos fez. Não, não se tratava de uma milionária para quem um carro não faria a menor diferença. Era gente como a gente, talvez ainda pagando as prestações do fonfom.
A ela fiquei devendo, mais do que o conserto da lataria, uma lição de vida. Quem presenciou a cena, tenho certeza, nunca mais vai fazer barraco de graça. Eu? Irritadinha que sou, estou me esforçando para rir mais da vida, repensar o que realmente tem valor, valorizar o ser humano. Afinal, carro a gente arruma.
Em tempo: o carro da Tatiana está consertadíssimo. E eu fiquei craque no freio!
Renee Olstead - A love that will last
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