quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As pessoas


que nos fazem confidências
se acham automaticamente
no direito de ouvir as nossas
Os jornalistas sabem que informação é poder. Por isso é importante
medir o que dizemos e, sobretudo, a quem dizemos.
Às vezes encontramos pessoas que rompem imediatamente
o protocolo e nos transformam em parte integrante de suas vidas.
Mas o que pode ser entendido como um ato de confiança
também envolve riscos: quando nos transformam em seus confidentes,
esses indivíduos nos incluem em seu círculo íntimo e
nos obrigam a acompanhar sua evolução pessoal. Dito de outra
forma: nós nos transformamos em espectadores forçados de um
mundo pessoal que até então desconhecíamos.
Além da pressão gerada por ouvir confidências, há o perigo
do qual nos previne Nietzsche: o outro pode estar esperando de
nós uma atitude de confiança semelhante para, assim, completar
o círculo iniciado por ele.
Por tudo isso, é importante sermos cuidadosos ao escutar –
reservando o entusiasmo para as pessoas mais íntimas – e ainda
mais cuidadosos ao falar.
 Allan Percy
Solomon Burke - None Of Us Are Free

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