Do lado havia outra pessoa. A outra pessoa o
olhava com cuidadosos olhos castanhos. Os
cuidadosos olhos castanhos eram mornos,
levemente preocupados, um pouco expectantes.
As transformações tinham-se tornado tão
rápidas que, no primeiro momento, não
soube dizer se a outra pessoa via a ele ou a
ela, se se dirigia à moldura, à casca, ao cristal ou
ao desenho, ao corpo original, às gotas de sangue.
Isso, num primeiro momento. Num segundo, teve
certeza absoluta que se tinha desinvisibilizado. A outra
pessoa olhava para uma coisa que era ele mesmo.
Ele mesmo olhava para uma coisa que era outra pessoa.
O coração dele batia, cheio de sangue. Pousada sobre
seu ombro, a mão da outra pessoa tinha veias cheias
de sangue, latejando suaves.
Alguma coisa explodiu, partida em cacos. A partir de
então, tudo ficou ainda mais complicado. E mais real.
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