Gianetti fala sobre o auto-engano, a capacidade do ser humano de enganar a si mesmo: porque todo homem é protagonista de seu enredo, de sua experiência subjetiva. Os filósofos clássicos muito valorizavam o autoconhecimento enquanto pré-requisito para conhecer o mundo, mas ele requer introspecção, e não o uso de órgãos sensoriais. Contudo, a introspecção interfere no que é estudado. "Ninguém é bom juiz em causa própria", afirmou Aristóteles. O psiquismo do indivíduo afeta seu discernimento, portanto não cabe apenas perceber o mundo externo, mas também o mundo interior para que se possa conhecer de fato. E o pior é que guardamos certeza de tudo!
Quanto mais educados, titulados ou letrados, mais nos acomodamos às certezas. Talvez seja esse o motivo de transformarmos tantas opiniões em convicções, que representam um veneno letal para a Espiral do Conhecimento, pois enquanto o saber é dinâmico em sua essência, a convicção é estática, fixa. Enquanto o conhecer é fecundo(produz conhecimento), a convicção é destruidora, pois é excludente. Convencer-se significa agregar um novo conhecimento, mas transformar convencimento em convicção significa ir muito além da afinidade entre os termos, já que esta é teimosa e paralisante e muitas dela não abdicam em nome de uma pretensa coerência.
Blockhead - The Music Scene
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