em brasa nos marcaram, não é verdade que já éramos bois de carro, há muito tempo?
Pergunto-me se a nossa domesticação não começou justamente quando nos deixamos hipnotizar pelas canções de amor que a ciência nos cantou... Bem dizia o mestre Wittgenstein que a linguagem tem um poder enfeitiçante. E eu me pergunto: de que palavras nos alimentamos? Deixados para trás os anos de paixão religiosa, para que novos textos sagrados nos voltamos? De onde retiramos a inspiração para a nossa meditação?
É necessário, antes de tudo, objetividade.
Que o cientista não fale: que seja o objeto que fala através do seu discurso.
Valores? Paixão? Confissões de amor? Nada mais que ideologia. "O que importa é o que é e o que seremos forçados a fazer por esta realidade."
E foi assim que aprendemos a assepsia do desejo, a repressão do amor, a vergonha de revelar as paixões e as esperanças. Dizer os próprios sonhos? Contar as utopias construídas no silêncio? Quem se atrevia? Quem tinha coragem bastante para escrever com sangue? Com certeza que tais heróis foram poucos nos corredores da academia. E nem podia ser de outra forma: porque tínhamos medo uns dos outros.
Brombaer & Fljóta - Lone Waltz
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