queria ser vento que sopra a poeira pra debaixo do tapete. Maria queria ser mar que afunda as dores vividas. Maria na verdade, queria ser tudo, menos Maria, desde pequena sabia como era sofrida sua vida, filha de um poeta de esquina e de uma garçonete de cabaré. A casa que que morava sempre cheia de criança, crianças famintas. A alcova onde residia de tão velha que era, até se podia ouvir os gemidos dos passos na madeira dos cômodos, à qualquer momento o vento poderia derrubar a construção feita com pedaços de madeira e barro molhado. O que fazer da vida? Perguntava-se a se mesma diariamente. Cinco irmãos pra dar de comer, dois pais desempregados e resguardados à cólera duma doença viral. Tudo parecia um inferno. Maria tocava numa feirinha da cidade, tocava a viola que um dia ganhou do seu pai quando a família tinha lá seus bens materiais, mas aquele tempo de fartura se acabou tão bruscamente. Quando punha as mãos na viola o mundo desaparecia, os problemas se resumiriam ao pó. Ah.. quanto ela se alegrava! por um momento mínimo que fosse, ela esquecia. Ainda de quebra voltava pra casa com uns trocados no bolso, trazia junto ao peito um sorriso no coração. A música que invadia os ouvidos das pessoas por onde ela andava resgatavam-na do completo esquecimento. Maria sentia que à cada nota musical tocada, sua alma ganhava um novo impulso para viver.
Vinicius Cinereo
Imagem Internet Google
Vídeo Radiohead - Creep
Imagem Internet Google
Vídeo Radiohead - Creep
Nenhum comentário:
Postar um comentário