A frase mais valiosa que minha mãe já me disse foi: quem vai se lembrar disso daqui a cem anos? Ela falava muito essa frase, geralmente acompanhada por um gesto de desilusão. Eu era um tanto perfeccionista, não fui uma criança fácil. Então, quando eu exagerava, mamãe me jogava o salva-vidas que me fazia recuar, perceber outro ponto de vista.
Ajuda ter em mente que, embora este talvez não seja o melhor dos tempos, também não é o pior; e que a vida continua. Cem anos são a referência generosa da minha mãe; na verdade, agora ela mesma está chegando aos 100, com a memória boa e bastante nítida. Passou pela grande depressão, pela 2ª. guerra mundial , pela invenção da bomba atômica, pela chegada do homem à lua e pelos prazeres viciantes do ipad. Gozou a vida priorizando aquilo em que mais investe energia: amizades, família, bons livros. deixa para lá as mesquinharias, a política, as imperfeições.
Mamãe me ensinou que um século é um bom ciclo para medir as coisas que importam. Até lá, as fofocas já passaram, os cochichos foram levados pelo vento, as feridas sararam com o passar dos anos. Um anonimato silencioso cai sobre os ecos da vida e eles desbotam, esquecidos, na armadura da fragilidade humana e da humanidade comum.
Gregory Colbert
Patricia J. WilliamsDave Brubeck - Koto Song
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